quinta-feira, 26 de junho de 2008

Por que fazemos isso conosco?


Sabe aquelas coisas que a gente sempre faz sabendo que não deveria? Pois é... Faço o estilo durão sabe? Quando criança caía me ralava todo, levantava sobrava a poeira e continuava correndo, nossa tenho tantas cicatrizes! Dor de cabeça é que me encomoda um pouco, mas só. Apanhei cada sova dos meus pais por conta das muitas traquinagens... e nunca derramei uma gota de lágrima. Minha mãe dizia que eu tinha o sangue ruim dos Carvalho. Era até engraçado, aquele toco de gente dizendo: "Eu não choro, eu sou um Carvalho!" com o peito estufado e cheio de orgulho. E isto foi bom e ruim, pois essa "dureza" me tornou um pouco indiferente com as fraquezas alheias, nunca entendi o berreiro por conta de um cortezinho no dedo, e o escândalo por conta de umas palmadas? Eu achava o fim... E a amiga que sempre está morrendo e choramingando de dor, tudo é extremamente doloroso, cruzes! Eu ficava pensando se em mim não dói, porque ela se queixa tanto? Como alguém pode desmaiar por causa de uma gota de sangue?
Bando de bebês chorões...
Não sei exatamente quando começou ou quando me dei por conta, mas acabei por encontrar minhas fraquezas, descobri que eu também sentia dores, que eu também sangrava, mas era em um outro plano... os espinhos, pregos, facas, pedras, palmadas que me feriam, que me faziam chorar, eram diferentes, eram sentidos diferentes e as feridas não ficavam a mostra. Difícil entender? Vejamos assim, nem quando quebrei a perna saltando de cima de um caminhão em movimento senti tanta dor quanto o dia em que ouvi Fafá de Belêm cantar o Hino Nacional no velório do Presidente Tancredo Neves: chorei copiosamente como se alguém de minha própria família tivesse partido. Assim como chorei lendo Carrie de Stephen King, ou vendo novela, algum filme, ouvindo música...
Existem "coisas" que produzem reações adversas, é como comer chocolate sabendo que a balança vai reclamar e seu rosto vai explodir em espinhas, mas vc come; como beber aquele vinho de má qualidade sabendo que sua cabeça vai fazer questão de te lembrar cada gota no dia seguinte, mas vc bebe; como ficar com aquela criatura que vc sabe não ter nada a ver contigo, mas fica e quando acorda no dia seguinte quer se matar de ódio... A lista é imensa, os "produtos" podem ser diferentes e são de cada um pra cada um, e os efeitos também. Mas todos nós os temos, ah se temos...
Entre eles tem aqueles que abrem feridas, suscitam questionamentos, fazem derrubar lágrimas, e a gente vez ou outra quer testar se eles ainda tem o mesmo efeito, e se assusta ao descobrir que os anos passaram, houveram tantas mudanças, mas aquele efeito colateral permanece inalterado. E a gente testa permanentemente...
Dawson's Creek (http://pt.wikipedia.org/wiki/Dawson%27s_Creek) tem um efeito devastador em mim, nem sei explicar, é como se eu fosse mais um personagem da série, como se conhecesse o Dawson a vida toda e fosse primo irmão da Joey, aquele que foi apaixonado a vida inteira pelo Jack e nunca teve coragem de contar... É batata! É assistir e me desmanchar em choro! Aí são muitos soluços, muitos lenços, muitos copos d'água, olhos inchados, milhões de idéias pipocando na cabeça....
Ô, hei pera lá! Não sou nenhum adolescente cabeça de vento que se influencia vendo malhação, não é bem assim... você já assistão Dawson's? Então assiste, e veja logo uma temporada inteira antes de me julgar. Quero ver se vc não vai se identificar com ninguém... Se não vai se emocionar, se não vai reconhecer um pedacinho sequer de sua própria história, aí depois a gente conversa...
Viu, a série me ajudou a perceber que afinal eu não sou assim tão durão e que talvez os outros não sejam tão chorões...
Eu sei que choro toda sempre, mas quer saber de uma coisa, amanhã vou assistir Dawson's outra vez!

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