sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Digam olá para Mary Alice!


Sabem aquela sensação de que quando acordamos tem algo de diferente no ar? Não conseguimos dizer exatamente o que é ou de onde vem a sensação, apenas a sentimos. As vezes projetamos este sentimento para alguém ou determinada situação ou acontecimento; mas na grande maioria das vezes desde o instante em que acordamos até a hora de dormir, ficamos apenas repetindo: "tem alguma coisa estranha no ar...".

Hoje acordei assim, sentindo que tinha algo diferente no ar, não que esta sensação seja novidade para mim, mas hoje ela realmente estava começando a incomodar. Tomei uma grande caneca de café, belisquei algumas migalhas de bolo de fubá, acendi um cigarro, "que coisa... eu nunca fumo de manhã..." fui até a sacada e tentei acostumar a visão com o clarão do sol "... meu Deus, eu realmente detesto sol...", então girei nos calcanhares e voltei para a sala, liguei a tv e me pus a zappear. Acabei parando no canal E! (este canal é uma espécie de RedeTV! mais sofisticada e sem o Pânico!) onde a imagem do Eminen me chamou a atenção, não sei dizer exatamente o que sinto por este rapaz, eu gosto dele, mas ele me assusta...
(Eminen)

O programa esta apresentando uma espécie de tele-biografia do Eminen, já estava quase no fim, mas eu quis ver assim mesmo. Só hoje eu fiquei sabendo que o dito rapper se chama Marshall Bruce Mathers III. Imponente né? Forte, carregado de pompa e circunstância. Também consegui entender que Slin Shady é nada menos que seu alter ego e que Eminen é sua apresentação física. Difícil entender? Vamos tentar explicar: Ele nasceu Marshal, a vida o transformou em Slin Shady, mas ele se apresenta fisicamente como Eminen. Marshal é sua origem, sua primeira infância, o menino que sofreu abusos, que foi apresentado ao crime, aos vícios. Slin é o produto desta infância é o resultado dos abusos, é a revolta, a ira, o instinto puro, é o cara que grita "Agora chega! Chegou a minha vez...". Eminen é o porta voz, o regulador, mediador, a apresentação física dos sentimentos controlados ou não do Slin Shady.
(Marshall)

O fantástico disso tudo é a capacidade que este rapaz tem de manter Marshal, Slin e Eminen muito unidos, inseparáveis, siameses. Ele não apaga uma ou mais dessas personalidades simplesmente porque não pode. Ele é a soma, o resultado da união das três. Arranquem o Slin Shady e que Eminen teremos? Pois não é sua fúria, sua língua venenosa, violenta, sem travas, que o torna espetacular, amado e odiado pelo mundo afora, em miúdos, um verdadeiro furacão, um sucesso? Tirem o Marshal, sufoquem a criança violentada, e terão tirado o motivo da existência do Slin. Apaguem o Eminen e terá sobrado só mais um jovem com muitos problemas na infância que se jogou, ou foi jogado, no mundo do crime e das drogas, e que possivelmente não chegará aos 35 anos.
(Slin Shady)

Mas o que Eminen tem a ver com este discurso? Eu explico: Ele nasceu Marshal e Marshal aos poucos foi desenvolvendo, criando Slin Shady. Slin era a sensação de que algo está diferente, fora do normal, é aquela coisinha que está no ar...

Todos nós já temos ou estamos criando um Slin Shady. O negócio é o que nós estamos fazendo com ele, ou o que ele está fazendo conosco. E quanto a nossa apresentação física? Ela diz mais respeito a nossa origem ou ao produto da nossa caminhada? Estamos "criando" ou "sufocando" nosso Slin? E se nessa batalha nós perdermos? Que fará nosso Slin Shady? Do que ele será capaz? A culpa será de quem? Alguém vai realmente compreender se eu disser que "...não foi minha intenção, foi algo que veio de dentro e eu não pude controlar...", será?

Hoje eu entendi que posso aprender até mesmo com o Eminen. Que observá-lo pode ser uma excelente escola. Gente, ele ainda mora em Detroit, aquele lixo de cidade, mesmo tendo faturado alto com a venda de algo em torno dos 60 milhões de discos no decorrer da carreira, isso pra não falar dos shows, royalties... Mas ele fica, não só para prestigiar Detroit, mas segundo ele mesmo, para não esquecer de onde veio, para não perder as origens. E quando questionado sobre quem manda, Slin, Marshal ou Eminen, ele responde que quem manda somos nós que assistimos o resultado das peripécias dos três, e que os três decidem juntos se vão acatar a ordens ou não...

Eu nasci Sidinei M. S. P. Carvalho (por motivos óbvios não vou citar meu nome na íntegra)e já lá pelos 10 anos senti que tinha algo de estranho no ar... Por volta dos 15 suprimi o M. S. P. do meu nome. Lá pelos 17 substituí o "S" inicial por um "C", aos 18 tirei o "i" que vinha depois do "d" e acrescentei um acento agudo no primeiro "i" e vivi como Cídnei Carvalho até os 25, quando mudei para Cídney Carvalho. Permaneci assim até os 30 quando decidi voltar a usar o M. e troquei novamente o "c" inicial pele antigo "s", e permaneço Sídney M. Carvalho até hoje.

Ha algum tempo atrás descobri que a coisinha estranha no ar, eram os meus medos, meus sonhos, minhas dúvidas, minha raiva e indignação, as perguntas sem resposta, as respostas para todas as perguntas. Eu descobri que a coisa diferente no ar era alguém preso a minha garganta querendo desesperadamente sair. Era alguém que eu tentava sufocar, era alguém que eu massacrei a vida inteira. Foi alguém de quem roubei o direito de existir. Sabe as várias trocas de nome? Cada vez que este alguém aprisionado vencia uma luta era necessário impor um novo guardião, um novo carcereiro. Mas de quando em quando a guerra era reacendida... Não sei exatamente como ou quando entramos em um acordo. Também não sei se estamos em paz, mas é fato que hoje existe uma longa e sólida trégua. A sensação até foi nomeada: "meu produto da caminhada" se chama Mary Alice.

Porque Mary Alice? Bom, tem um sem número de motivos, vamos ver... no início dos 80's quando Mary Alice nasceu eu fui apresentado à cannabis sativa que não ousávamos chamar pelo nome popular: maconha. Então chamávamos de Maria Alice. O primeiro livro que retirei na biblioteca da escola e que muito me envolveu foi Alice no País das Maravilhas. A tia "in memorian" (irmã de minha mãe e religiosa da Ordem do Imaculado Coração de Maria)que eu mais amava recebeu no convento o nome de Ir. Maria Adelice dos Santos Anjos. O personagem de série de televisão que mais chamou minha atenção em todos os tempos, com quem criei uma empatia e identificação imediata, chama-se Mary Alice Young. E agora? Escolhi Mary Alice porque mesmo?

Falarei mais sobre Mary Alice com o passar dos dias, ou Mary falará sobre mim, quem sabe juntos não falaremos sobre o jovem Sidinei. Vou encerar este Post com algumas palavras da Sra. Young que considero muito pertinentes para agora:

"Há muita mais para se temer neste mundo...
Mas e se o medo não tiver nada a ver com máscaras assustadoras? Ou aranhas de plástico? Ou Monstros que parecem vivos?
São os nossos pensamentos que mais nos assustam:
- E se ela vier a se arrepender de sua decisão?
- E se ele realmente for infeliz?
- E se as chances para o amor se acabaram?
Como lidamos com esses pensamentos assustadores?

Começamos nos lembrando que o que não nos mata,
nos fortalece..."

Caros amigos,
Mil Beijões,
Com Amor,

Mary Alice

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